Há nessa asserção certo exagero do escritor belga. O problema que as abelha resolvem pode ser abordado, sem grande dificuldade, com os rescursos da matemática elementar.
Não nos importa, porém, saber se o problema é elementar ou transcendente, a verdade é que esses pequeninos e laboriosos insetos resolvem um interessantíssimo problema por um artifício que chega a deslumbrar a inteligência humana.
Todos sabem que a abelha constrói seus alvéolos para neles depositar o mel que fabrica. Esses alvéolos são feitos de cera. A abelha procura, portanto, obter uma forma de alvéolos que seja a mais econômica possível, isto é, que apresente maior volume para a menor porção de material empregado.
É preciso que a parede de um alvéolo sirva, também, ao alvéolo vizinho. Logo, o alvéolo não pode ter forma cilíndrica, pois do contrário cada parede só serviria a um alvéolo.
Procuraram as abelhas uma forma prismática para os seus alvéolos. Os únicos prismas regulares que podem ser justapostos sem deixar interstício são: o triangular, o quadrangular e o hexagonal. Foi este último que as abelhas escolheram. E sabem por quê? Porque dos três prismas regulares A, B e C construídos com porção igual de cera, o prisma hexagonal é o que apresenta maior volume.

Eis o problema resolvido pelas abelhas :
Dados três prismas regulares da mesma altura A (triangular), B (quadrangular), C (hexagonal), tendo a mesma área lateral, qual é o que tem maior volume?
Uma vez determinada a forma dos alvéolos, era preciso fechá-los, isto é, determinar o meio mais econômico de cobrir os alvéolos.
A forma adotada foi a seguinte: o fundo de cada alvéolo é contituído de três losangos iguais (a adoção do fundo romboidal traz, sobre o de fundo plano, uma economia de um alvéolo em cada 50 que são construídos).
Maraldi, astrônomo do Observatório de Paris, determinou experimentalmente, com absoluta precisão, os ângulos desse losango e achou 109°28', para o ângulo obtuso, e 70°32', para o ângulo agudo.
O físico Réaumur, supondo que as abelhas eram guiadas na construção dos alvéolos por um princípio de economia, propôs ao geômetra alemão Koening, em 1739, o seguinte problema:
Entre todas as células hexagonais, com o fundo formado de três losangos, determinar a que seja contruída com a maior economia de material.
Koening, que não reconhecia os resultados obtidos por Maraldi, achou que os ângulos do losango do alvéolo matematicamente mais econômico deviam ser 109°26' para o ângulo obtuso e 70°34' para o ângulo agudo.
A concordância entre as medidas feitas por Maraldi e os resultados calculados por Koening era espantosa. Os geômetras concluíram que as abelhas cometiam, na construção de seus alvéolos, um erro de 2' no ângulo do losango de fechamento (essa diferença é tão pequena que só pode ser apreciada com auxílio de instrumento de precisão).

Fato curioso! Alguns anos depois (1743), o geômetra Mac Laurin retomou novamente o problema e demonstrou que Koening havia errado e que o resultado era traduzido precisamente pelos valores dos ângulos dados por Maraldi - 109°28' e 70°32',
A razão estava, pois, com as abelhas.
Fonte: Texto retirado do Livro Matemática Divertida e Curiosa, de Malba Tahan.
muito bom esse texto me ensinou bastante
ResponderExcluirhggrtsshguih[
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